março 14, 2009

Adagio!!


Sentei-me ao piano e com a mão direita começei a tocar as primeiras notas agudas, acelarei o ritmo e começei a imagina-la..
Estava nua, e á medida que acelarava o ritmo ia-se aproximando, com a mão esquerda agravei o tom e o drama aumentava, chegou ao pé de mim e perguntou-me porque a imaginei, bati no teclado com as duas mãos com força e desapareceu..
O requiem, não a consegui ver mais, o drama passou e dei por mim sentado a olhar as teclas esmorecerem!!

março 04, 2009

A Dor do Amor

Ela tinha o sonho de encontrar o amor, Maria Joana, chamavam-lhe na rua quando passava pelas pessoas. Dezasseis anos, corpo de mulher adulta, cabelos negros mas para os olhos nunca lhe olhei. Nascida e criada mesmo no inicio da minha rua, cresci com ela e conheço-a como ninguém. Conheço também como ninguém a história do dia em que Maria Joana conheceu o amor e este a matou.
Um dia, na paragem dos autocarros, conheceu um daqueles rapazes que querem viver rápido, quando mais rápido melhor, típico da idade... Ela não sabia o nome dele, nem quem era... simplesmente deixou-se levar pela emoção, pelo mistério talvez!
Durante meses, levaram a vida como um só, brincaram com o mundo, descobriram sentimentos ainda por trabalhar, não sei se foram felizes mas agiam como tal.
Mas o amor é teimoso e teima em multiplicar-se, e há um dia em que a sua semente dá um fruto. Fruto esse que pode matá-lo num momento ou sufoca-lo pouco a pouco. Foi no dia em que descobriu que o seu amor havia dado um fruto que Maria Joana percebeu que o amor pode magoar.

Quando soube da gravidez dela, ele simplesmente desapareceu, nunca mais voltou... Maria Joana deu à luz um filho, um rapaz... mas sozinha, completamente sozinha... Foi aí que ela percebeu a dor do amor e nunca mais o procurou.

março 03, 2009

Escuridão

Não sei que horas são mas lá fora está escuro, não sei se é de noite ou de madrugada nem à quanto tempo estou aqui sentada, tenho as pernas dormentes. Tento-me levantar e vejo que a alma também está dormente. Não sei o que se passou, simplesmente não me recordo de nada. A única coisa que sei é que está escuro lá fora e à minha volta também sinto uma imensa escuridão, a minha alma parece estar de luto. Derrepente levanto-me, vou buscar forças não sei onde e lembro-me que estou sozinha, que já não era assim há muitos anos. Procuro-te pela casa toda vezes sem conta mas não te encontro em nenhuma das vezes. A tua ausência está a aumentar cada vez mais, procuro a agenda com o teu número, não o encontro. Entro em desespero, fecho os olhos. Procuro-te por entre as minhas memórias, vejo-te mesmo à minha frente. Riu-me e digo-te baixinho que te procurava que nem louca e que fico feliz por te ter encontrado. Peço-te para nunca mais fazeres o mesmo, e tu acenas-me com a cabeça que sim. Estás com aquela camisola que eu adoro, e o teu cheiro... O teu cheiro ainda é o mesmo. O teu perfume faz-me abrir os olhos, mas não estás. Nem vais voltar a estar, disse-me o meu coração neste momento..

março 02, 2009

Uma Lua e um Tango

Esta noite sentei-me numa ponta da lua, um copo de Johnnie Walker Red Label numa mão e um Lucky Strike quase apagado na outra. Havia um gira-discos que há mais de dez anos só tocava tangos de Gardel, aqueles que dançavas comigo quando estávamos juntos e aqueles que danças agora com outros homens. Enquanto ia balançando o corpo cansado ao ritmo da música, dava um bafo em seco no cigarro e bebia.

Olhava para a Terra, confessando a mim mesmo que tinha saudades tuas, e hoje ainda tenho. Não quero ser melancólico mas tenho a certeza que não irás voltar, e não sei sequer porque me abandonaste. Talvez tenhas fugido para um homem mais bonito, que te ame mais até, mas duvido que algum homem te compreenda como eu te compreendi.

Não há, em Terra alguma, um homem que seja capaz de se por teu lugar no como eu punha. E lembras-te como dançávamos o tango?

Enganos

Estavas perdida, então pediste-me para sair. E assim fomos.
Querias tudo menos ficar em casa, entre lágrimas e pensamentos infelizes.
Eu queria apenas fazer-te sorrir por uma noite, por umas horas, como teu bom amigo que sou.
Era suposto ouvir-te, aconselhar-te, mas tornou-se i-n-s-u-p-o-r-t-a-v-e-l ouvir-te falar dele.
Já só olhava para ti, já só pensava em ti.
Não era para ser assim, nem eu o queria, mas não me olhasses da forma como olhaste, não achas?
Por momentos perdia-me completamente no teu olhar, e não foram poucas vezes que isso aconteceu.
Tentei olhar o lado positivo, naquele teu sorriso que durou a noite toda.
Seria fácil dizer que foi o destino o culpado ou inventar motivos sem fim.
Para dizer a verdade depois disto, já não sei o que sinto por ti, nem te culpo por isso. A culpa não existe.
Chegaria a ser cómico, se não fosse trágico, cheguei a casa mais perdido...do que tu.

março 01, 2009

Estava sentado numa nuvem a observar o desmoronar do tempo..

Finalmente, escusava agora de ter pressa para qualquer coisa..

Tu olhaste-me lá de baixo com repudio enquanto lutavas para sobreviver, mas eu nem liguei..

Os sonhos são meus, se eu sonhei que o nosso amor ia ser perfeito, tambem posso torna-lo num pesadelo..

Agora nem tenho pressa para acordar, aaaah que bem sabem as manhãs de domingo!!

Meu mundo

A chapada que me deste ontem doi mais hoje que ontem. Não viste os meus olhos cheios de lágrimas, nem ouviste nenhuma palavra amarga ou uma frase qualquer de amargura, fiquei ali imóvel a olhar-te nos olhos enquanto que tu os desviavas de mim como se eu te estivesse a julgar com um simples olhar. Existem coisas que doiem mais quando estamos sozinhos e esta é uma delas, doi-me. Agora aqui sozinha já soltei cinco ou seis vezes "cabrão" ou mesmo quando chegei a casa disse "não acredito que me fizeste isto". Mas fizeste, mas tiraste-me o chão, deste-me uma chapada sem pensar duas vezes como isso me poderia doer. Estou cansada que me vejas como a amiga, como a mão amiga quando não tens a tua mão para te limpar as lágrimas, sou mais que isso sabias? A tua indiferença magoa mais que a capacidade que tens de ficar frio comigo mesmo quando te dou o mundo. Mas isso é outra história, agora o que importa é que... Já não sei o que importa, se é ver-te no teu mundo ou não te ver no meu meu mundo.